Pode parecer presunção, mas acho que o título de adequa, e vou tentar explicar porquê. Este sábado terminou mais uma edição daquela que é já uma prova de referência nas provas de ultramaratonas, o Cape Epic, realizado na África do Sul. Ora, findo tão ilustre desafio, nada melhor que rumar ao nosso Alentejo para um cheirinho do que por terras sul-africanas se passou. Então, não seria melhor rumar mais a norte, perguntam vocês. Não, respondo eu, porque efectuar um passeio de 66km com 1755mts de acumulado, números dignos de um Cape Epic, não é preciso ir mais para norte. Outra razão para o título que elegi foi o facto de, no percurso maior se andar aos pares, outra característica do cape Epic. Eu fui sempre com o Hugo, esperando um pelo outro sempre que algum de nós acusava alguma fadiga, e o mesmo pudemos constar com mais outros dois ciclistas, um da Vidigueira e outro aqui mais perto, de Azeitão.... Mas vamos ao relato dos acontecimentos...
Eram 8 da manhã quando eu saí do Refúgio da Vila, em Portel, em direcção ao Monte do Trigo para me encontrar com o Vuck Roger. O carro marcava 5,5º... mas como nestas coisas, quem corre por gosto não cansa, não me vou aqui queixar, mas que deu para bater o dente, deu!! Antes de alinharmos na partida ainda tivemos tempo para um cafezinho mais um dos repórteres da BTT TV. A partida foi dada pouco depois das 9h, após um breve discurso do presidente do Grupo Desportivo Local, e a um ritmo bastante elevado. Rolámos a primeira meia hora com velocidades na casa do 25km/h, claro que nós, como íamos à distância maior, optámos por um ritmo ligeiramente mais brando que o da grande maioria que ia aos 30 ou 45km. PAra terem uma pequena ideia, começamos a subir desde o km 3,7 até ao km 17... dos 187mts de altitude até aos 420mts...aí. na igreja de São Pedro dar-se-ia a primeira bifurcação, e podemos constatar que muitos dos que estavam a pensar ir aos 45, se ficaram pelos 30... pudera!! Nós mantivemo-nos fieis às nossas convicções, e lá fomos! O primeiro abastecimento foi ao km22. Imediatamente depois do abastecimento, deu-se nova bifurcação, ou 45km ou 70km... não hesitámos, depois das fortes subidas iniciais achamos que o pior já tinha passado, estávamos um bocado enganados!!!! Grande parte deste percurso foi feito sem ver vivalma... eu e o Hugo mantínhamos um andamento animado enquanto púnhamos a conversa em dia. O percurso não tinha como enganar, ora subíamos sem parar ora descíamos vertiginosamente... Antes do segundo abastecimento, passámos os tais dois ciclistas que também seguiam em par. Daí para a frente, depois do terceiro e último abastecimento, começamos a desmontar nas subidas, que eram sempre iguais e monótonas junto com as pernas que já começavam a fraquejar. Finalmente, chegámos a Monte do Trigo, passadas 5 horas de termos arrancado. Os banhos já estavam vazios a essa hora, o que me deixou bastante satisfeito, pois pude demorar o tempo que achei que merecia... Depois da banhoca, havia almoço, mas eu apontei para São Manços, para o restaurante o Xico onde já me esperavam algumas das melhores entradas da gastronomia Alentejana!!!
Em jeito de resumo, acho que o passeio teve uma organização simpática, mas que falhou no capitulo da comunicação, na véspera da prova não se conseguia saber a hora da partida, o secretariado era para estar aberto até às 20h de sábado, mas por causa da selecção (o futebol sempre a falar mais alto...) fechou cerca de meia hora mais cedo, enfim, alguns aspecto melhoráveis. O percurso estava bastante bem sinalizado, mas pecou por ser demasiado duro. Num passeio, que não uma prova, com 70km não seria necessário, digo eu, incluir as subidas que faziam parte do percurso, mas enfim, este capítulo é discutível.
Resta-me agradecer ao Hugo pela excelente companhia, na qualidade de anfitrião e de companheiro nos trilhos solitários do caminho de São Pedro. De facto, sem companhia psicologicamente teria sido muito difícil.