Vacas Velhas na 5ª Maratona Internacional de Idanha
People,
em primeiro lugar, muito obrigado pelas vossas palavras de incentivo e de apreço! (Trips, Marmax, Mourex e famílias)
A nossa participação na 5ª Maratona Internacional de Idanha-a-Nova/Zarza La Mayor, começou com a viagem na 6ª-feira após a jornada de trabalho, mas com as últimas horas já com a cabeça posta na prova do dia seguinte. Eu e o Jakas saímos de Lisboa por volta das 18h de sexta e só parámos em Castelo Branco onde o Togu se juntou a nós.
Jantámos calma e tranquilamente e fomos levantar os dorsais e os jerseys - bem catitas, por sinal! - ao secretariado da prova em Idanha-a-Nova. Foi tudo muito rápido e aproveitámos para dar um look ao espaço. Quase se pode dizer que o Togu foi o cicerone, uma vez que esta foi a sua 4ª participação nesta prova!!!!
O espaço de partida (coincidente com a chegada) já tomava forma na noite anterior. Decorria em simultâneo a Feira Medieval, mas não ficamos para o combate com maças de ferro, por razões óbvias...
Fomos novamente em direcção a Castelo Branco e daí até ao Salgueiro do Campo, a cerca de 40 kms de Idanha-a-Nova onde ficamos a dormir. Ainda houve tempo para passar na padaria e comprar 2 pães de 1/2 kilo para o petit do dia seguinte.
Pelo caminho - e como sempre! - fomos a conversar de aventuras passadas, a potencial estratégia para o dia seguinte, a tentar combater o nervoso miudinho que se ia instalando suavemente...
O dia começou às 7h da matina, pequeno-almoço e casa novamente arrumada, borregas carregadas, equipamentos da Vacada vestidos, cremes besuntados (porque mais de 100 kms requerem algum unto...) e lá fomos os 3 a caminho de Idanha-a-Nova.
A 1ª partida foi dada 2 minutos após a hora prevista (9h), com os 1300 atletas a circularem pela calçada granítica de Idanha, com o 1º obstáculo a chegar muito depressa. A antiga calçada romana de Idanha com cerca de 2-3 kms, molhada e com o grupo ainda muito compacto foi objecto de calculada aproximação e transposição! A 2ª partida foi dada após este obstáculo, a descida teve direito a safety-car, o que destaca a preocupação da organização com este evento - aliás a segurança foi a nota dominante nesta organização da Deep Natura, bem hajam, como se diz na zona!
Seguiram-se alguns quilómetros de alcatrão, os suficientes para aquecer a musculatura e desagregar "os pelotões"... e lá fomos em direcção a Zarza La Mayor!
O facto desta maratona se chamar internacional não se reveste apenas do seu carácter geográfico. De facto, destaca-se a participação de várias equipas espanholas a competirem numa das 3 modalidades disponibilizadas: maratona (105 kms), meia-maratona (50 kms) e estafetas (50+50 kms).
(Não temos ainda fotos do percurso, mas a seu tempo iremos pô-las aqui. Está prometido!)
A chegada a Zarza demorou mais tempo do que tínhamos inicialmente previsto. Os quilómetros que antecedem a entrada em Zarza foram feitos em alcatrão desde o cruzamento do Rio Erges, numa subida com uma extensão apreciável e inclinação que não deixa saudades. Mas calmamente fomos ultrapassando a distância que nos separava do percurso de retorno. À chegada a Zarza, comemos, lubrificámos as burras e tentámos alongar a musculatura para conseguir estar à altura do percurso de regresso. O Jakas aind ateve tempo de ligar à sua cara-metade que, habituada às espectaculares prestações das Vacas Velhas nas provas em que participam, pensou que "já" tínhamos chegado... pois, ainda só tinham passado 4h!
Eu estava a tentar resolver um pequeno problema mecânico na transmissão e que me fez ficar sem as mudanças mais leves, o que trazia algumas preocupações para os 5 kms finais, a subida da Sr.ª da Graça... com a ajuda do mecânico da Bicigal (ainda em Zarza) o problema tinha ficado (aparentemente) resolvido...
O caminho de regresso começa com uma impressionante descida de alguns quilómetros em alcatrão até ao Rio Erges, onde se segue um singletrack de vários quilómetros ao longo do percurso do mesmo rio.
Os 53 kms de regresso foram mais difíceis de gerir, acima de tudo em termos psicológicos. Os problemas mecânicos reapareceram (ou seja, as mudanças não entravam!), as cãibras estavam aí e era preciso gerir o esforço, mas a chuva que se fez sentir durante todo o tempo desde Espanha aliada ao vento e à baixa temperatura do dia desgastavam a força anímica deste grupo.
A nossa estratégia -instintivamente a que temos experimentado várias vezes - fomo-nos revezando nas subidas, nos percursos rolantes e fomos puxando uns pelos outros.
NINGUÉM FICOU PARA TRÁS!!!!
A chegada a Idanha-a-Nova, pela calçada romana da Sr.ª da Graça aguardava no nevoeiro e na chuva pelo grupo. Para mim foi a 2ª vez este ano que me defrontei com esta hercúlea tarefa do do BTT; a primeira tinha sido no final de Fevereiro na Corrida Aventura "Pelos Caminhos de Egitânea", mas o aparecimento deste monumento geológico e arquitectónico é digno de registo (a primeira mirada é de engolir em seco!!!!)
No início da subida, onde ela "mete mais respeito" encontrámos um companheiro de pedal que estava a dar voltas no pequeno largo que antecede a subida. Confessou-nos que já ali estava há algum tempo, a ganhar balanço! Subiu connosco, devagar, temporizadamente, a poupar o físico para o serpentear de curvas pedregosas e escorregadias que tínhamos pela frente. Quem já escalou esta parede, conhece o sentimento de "never ending story" que se apodera mais ou menos a meio da coisa, que parece não ter fim!!!!
No final, cruzámos a meta todos juntos, após 7h14m de pedal; tínhamos completado os 104 kms da 5ª Maratona Internacional de Idanha-a-Nova/Zarza la Mayor, sem nos aleijarmos, todos juntos durante os quase 1700m de acumulado de subidas...
O abraço final foi sentido e de lágrimas nos olhos! Tínhamos conseguido completar mais este desafio. Todos juntos!
Ficam as imagens possíveis (neste momento). Em baixo, Togu lá atrás de amarelo fluorescente. Obrigado António por nos convenceres a levar os impermeáveis. Se assim não fosse talvez estivéssemos no (grande) grupo de atletas que tiveram de ser socorridos pelos bombeiros com hipotermia.
A todos um forte abraço e o meu orgulho por fazer parte deste grupo de amigos! Jakas, és o maior, my man!
Vemo-nos em Alvalade do Sado para mais um desafio!
FORÇA VACAS!!!!!
4 Comments:
Amigos,
Quase fiquei com a lágrima no canto do olho! De emoção, claro.
Fico bastante satisfeito pelo Vosso desempenho.
Não imagino a dureza da prova. Acho que só mesmo vocês é que podem testemunhá-lo.
São provas assim, como esta que fizeram, de imenso esforço, que nos dão ganas para continuar a pedalar e chegar ao fim.
Vocês são BRAVOS!
Agora bom descanso para Alvalade - Porto Covo. E esqueçam o regresso. Fiquem a almoçar em Porto Covo que vocês bem merecem.
Boa sorte para todos que vão a Porto Covo.
Grande abraço
Esta Turma das VV são os verdadeiros CAMPEÕES,
1 Forte Abraço,
E com estes (treinos)todos, vão fazer com uma perna ás costas o Alvalade Porto-Covo e ALVALADE...
Não custa nada...
MM
Muito orgulho neste grupo!!! Muitos parabéns!!!
Grande Hugo, espectacular relato! Foi sem dúvida mais uma grande prova que superámos com suor e sacrifício. Sem duvida que sem a tua motivação e a do Togu a coisa teria sido mais difícil ainda. Como já te pude agradecer no final da prova, quero fazê-lo aqui publicamente uma vez mais, que se não fosses tu a manter a manada motivada e se calhar o final não teria sido apoteótico, como se veio a verificar.
Esta prova é um must e acho que deve ser feita por todos nós uma vez na vida que seja! (eu já fiz a minha... eheh!!) Tirando a respeitosa distância de 100km há ainda a bela subida da Srª da Graça. São cerca de 2-3km a subir uma calçada milenar de granito com um declive muito acentuado! Fizemos a subida toda de seguida (eu ainda parei duas vezes para apanhar os óculos que levava ao pescoço...) sem desmontar o que por si só, depois de 100km, é um feito! Parabéns amigos! Queria também aqui deixar uma palavra para a minha cara metade pela boa impressão que tem de nós, por pensar que seriamos capazes de terminar estes 100km em 4h. Ainda nos arriscávamos a ganhar ao Vitor Gamito que demorou 4h30m...um tempo estratosférico!!
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