quarta-feira, agosto 12, 2009

A Odisseia Africana (cont.)

Então cá vai, para aqueles que têm acompanhado os relatos da Odisseia Africana que os Babous Hugo e Terese, aqui ficam os últimos comentários do diário de bordo enviados pela Teresa:

Viva!

Translitindo a partir de Bobo Dioulasso (ja no Burkina Fasso), aqui estao as noticias mais quentes da viagem!

Saimos de Segou no dia 08 de Agosto, para tras ficava a antiga capital do reino Bambar, na rota do Rio Niger e antigo posto colonial frances, onde se sediou o Office du Niger, instituicao destinada a converter em campos de trabalho as grandes zonas estereis deo delta fluvial atraves da construcao de complexos canais de irrigacao. De facto, como verificamos as terras desta regiao contribuem em grande parte para a diversidade de uma producao agricola baseada no milho.
A etapa ate Bla foi bastante pacifica ja que constituiu a mais plana ate a data. Sem relevo a dificultar, as nossas pedaladas seguiram durante 83 kms na companhia de uma amostra do Harmattan (o cento do deserto). Seguimos assim calmamente o grande oasis que e o Mali. Nas terras que antecedem o deserto, o Sahel, abundam as arvores dos baobas, e umas zonas de amarelo areia que contrastam com o verde da epoca. Nunca estamos sozinhos. No seguir dos kms da estrada existe sempre alguem, a pe, de bicicleta, numa carroca, os miudos aos gritos, a correr na nossa direccao "Babu! Babu!", que significa "pele branca". Os miudos, que por qaui so vao para a escola aos 8 anos, trabalham nos campos a ajudar os pais ate essa altura. Quando paramos, continua a cobica as nossas garrafas de agua vazias e para as encher de leite, para vender.
Aqui a vida e dura. Trabalha se de sol a sol: na terra, o gado, o negocio no mercado,...
Pelo caminho, enquanto pedalamos, pensa se na vida, "medita se", e noutras alturas e um classico surgirem musicas na nossa cabeca para cantar. Deve exisitr uma marca, como uma "escarificacao" (ritual tribal que se utiliza por estas bandas) do sentimento que nos transmitiam as aventuras do Tom Sawyer, porque sempre sai um "Voa la no alto....". Aventuras descalcas e na companhia do amigo. Parece ser uma boa filosofia, se calhar e por isso...
Na chegada a Bla, acompanhamos grandes manadas, que seguem em sentido contrario. A razao deve prender se com o facto de o dia seguinte, domingo, ser dia de mercado.
Em Bla, como de costume fomos perguntar aos gendarmes onde poderiamos dormir. Ficamos alojados nima especie de aquartelamento dos antigos combatentes do Mali. Tivemos direito a uma "chambre". Banho de agua tirada do poco e um buraco nochao, como casa de banho.
Descansamos o resto do nosso sabado sentados nas cadeiras; refastelados a ler e a ter como musica de fundo um grupo de mulheres que cantavam em conjunto.
A noite foi um inferno de calor. Sob a ameaca de chuva, o ar era pesado e escorria se so de respirar. Nao dormimos nada. Ao serao, na procura da uma brisa fresca (inexistente) ficamos a ver as estrelas, na companhia dos outros que tambem por ali estavam. Sente se diferenca por qaui auqndo chega o serao. Normalmente, numa situacao destas o serao seria passado em amena cavaqueira com quem estivesse. Sera cultural, ou sera a barreirta da lingua comum (o frances) que nem todos dominam, que torna o dialogo curto. Aqui, pergunta se o nome, retribui se perguntando de volta e eventualmente um "para onde vais" mata a conversa. E tudo. Em vez da troca de conhecimento "coltural" qcqbamos por teorizar acerca do que pode ser feito num pais deste tamanho; desorganizado (palavras de malinense) e ainda dividido em tantas etnias. Fazer como se os esgotos sao a ceu aberto, se o chao das casas e chao do mundo, a lixeira no leio da cidade,...
Seguindo viagem no dia a seguir, chegamos a Koutiala depois de 40 kms (de outra etapa de 85 km), debaixo de chuva. A chegada sabe a vitoria. Pelo caminho, encontramos pela primeira vez uma mulher numa bicicleta (aqui as mulheres nao aprendem a andar de bicicleta), e um autocarro acidentado (milagre nao haver mais, porque passam por nos a altas velocidades).
Tivemos de, aos 40 kms parar para nos abrigarmos na casa de adobe de uns locais para nao entrar na tempestade que estava a chegar. Paramos junto a 3 homens que tentavam, depois de ter caido a cesta onde levavam as galinhas, apanha las para seguir viagem. Um filme...
Mesmo antes, ja tinhamos sido parados por um policia bebado, que num cumprimento duvidoso do seu dever, nos pediu as "vinhetes de velo". Claro que nao tinhamos e nao tivemos melhor remedio senao ir arranjar. Numa logica muito africana, descemos a estrada uns 500 m, para ir a Mairie, para depois voltar a subir os mesmos 500m, para voltar junto do amigo policia e do companheiro, a quem teriamos de pagar pelas vinhetas. Podia ser pior...
No Hotel em Koutiala, tivemos de esperar que a comitiva do ministro saisse do hotel para sermos atendidos. Pelos vistos, escolhemos bem. Se bem que temos sempre de nos situar no contexto das "estrelas" do hotel, porque um 4 estrelas em Africa, so em um 4 estrelas em Africa.

(cont noutro mail, porque o tempo de net vai acabar)

beijinhos

Teresa, Hugo, Dylan e Marley

Frankie Goes to Hollywood - Welcome To The Pleasure Dome

É Sempre a curtir...